Outro dia, estava na fila do
caixa em um supermercado e, inevitavelmente, ouvi a conversa de um casal à
minha frente. Eles falavam mal de sua igreja. Por certo queriam que todos
ouvissem as críticas que faziam, pois o volume da voz era alto. Estavam chateados
com alguma coisa que havia acontecido no domingo e dispararam os comentários
mais maldosos sobre irmãos, pastor, liderança, e por aí vai.
O
funcionário que estava no caixa entrou na conversa e acabou criticando também.
Quando
chegou a minha vez, este mesmo funcionário fez uma piada acerca de igreja
achando que eu fosse rir. Em vez disso, conversei por um ou dois minutos sobre
a importância da igreja e o amor de Jesus por todos nós. Saí do mercado com
aquela cena em minha mente. Fiquei pensando o que leva uma pessoa a expor
publicamente sua própria igreja, tornando-a alvo de chacota e ridicularização
pública.
Pensei:
“Se eles falam mal da igreja até para desconhecidos, imagine o que falam dentro
de seu próprio lar”. Com tristeza, cheguei à seguinte conclusão: o amor pela
igreja de Cristo está acabando!
Quando
os próprios membros da igreja são portadores de uma voz negativa e a expõem
dessa forma é sinal de que não sentem mais nada por ela e a tratam como
qualquer coisa menos como a “noiva de Cristo”. Falar mal da igreja é como falar
mal de si mesmo, afinal, nós somos a igreja. Somos membros do mesmo corpo,
somos a família de Deus. Por um erro eclesiológico olhamos a igreja como se ela
fosse uma realidade à parte de nós mesmos, como se existisse sem nós.
Somos a Igreja
Esse
erro faz com que as pessoas perguntem: “que igreja você frequenta?” Nós não
frequentamos ou somos membros de uma igreja, nós somos a igreja! A Igreja não é
um lugar aonde nós vamos, mas sim é a comunidade da qual fazemos parte desde o
momento quando recebemos a Jesus Cristo como Salvador.
“É
fácil ser rude com a Igreja e é fácil encontrar suas falhas, mas quando você se
torna cristão, você é a igreja” (Charles Conson em being the Body). Falar mal
da igreja tem sido uma prática comum em todos os lugares e de variadas formas.
Acaba um culto, e, nos corredores, as pessoas estão falando mal da igreja.
No
FACEBOOK, muitos postam comentários falando mal da igreja. Nos programas
televisivos, muitos ridicularizam a igreja e aproveitam entrevistas com
cristãos para o conteúdo de suas piadas. Livros inteiros são publicados falando
mal da igreja.
Minha
pergunta é: qual o objetivo disso? Em minha opinião, alguém que fala mal da
igreja publicamente se assemelha a um homem que chega em plena praça pública e
fala mal de si mesmo, expondo suas fraquezas e dificuldades. Ou ainda a uma
mulher que escreve nas redes sociais acerca de suas frustrações e problemas
pessoais.
Qual
seria o objetivo de uma pessoa fazer tais coisas? Com certeza não é ajudar e
nem resolver uma questão, mas apenas expor suas fraquezas e torná-las públicas.
E, ao fazer isso, ela corre o sério risco de se tornar alvo de gozação,
ridicularização e escárnio.
Psicólogos,
conselheiros, mentores e outros profissionais que são procurados para prestar
ajuda, sempre atendem as pessoas dentro de um ambiente seguro e com as portas
fechadas. Nesse ambiente, eles podem ouvir as mágoas, tristezas e problemas que
lhe são trazidos com sinceridade e coração quebrantado.
Acredito
que isso vale para os membros da igreja. Insatisfação ou qualquer outra
manifestação de descontentamento devem ser tratados e expostos em um ambiente
próprio, seguro, e não publicamente.
Amando mais a Igreja
A
fila do caixa não é o melhor lugar para falar mal da noiva de Cristo. Aliás,
nenhum lugar é bom para isso. Falar mal não deveria ser uma prática cristã.
Podemos avaliar, conversar a respeito e até mesmo discutir um tema, mas sair
falando mal, destruindo com palavras aquilo que é alvo do amor de Jesus.
– Sua igreja – isso nunca deveria acontecer.
Deveríamos
amar mais a igreja, pois, ao fazermos isso, muitas coisas que se tornam
conteúdo de nossas críticas simplesmente desapareceriam. Se tornariam
desnecessárias.
A
Bíblia diz em 1Pedro 4.8 – “Sobretudo, amem-se sinceramente uns aos outros,
porque o amor perdoa muitíssimos pecados” (NVI). Em outra versão, aparece a
expressão “o amor cobre uma multidão de pecados” (ARC). Quem ama protege em vez
de expor. É o que diz o texto!
Quando
amamos a igreja, nós perdoamos as falhas dos irmãos e lembramos que nós também
falhamos. Olhamos para os outros membros do corpo de Cristo com um olhar
perdoador e não com ódio ou mágoa. O amor protege através do perdão e da
reconciliação.
Quem
mais gosta dos comentários maldosos sobre a igreja é o diabo, que faz de tudo
para incentivar os próprios cristãos a falarem mal da igreja.
A noiva
Eu
não falo mal da igreja. Isso é um princípio que tenho e pretendo levá-lo
adiante até o dia quando participarei da igreja celestial. Na fila do caixa ou
em postagem do FACEBOOK, não me verão falando mal da igreja. Se me perguntarem
se já me entristeci com algum membro da igreja, minha resposta será afirmativa
e virá acompanhada da plena consciência de que já devo ter entristecido alguém
também.
Já
passei por lutas na igreja e, por certo, ainda passarei, mas se Jesus Cristo,
que é santo e perfeito, ama a igreja, eu, que sou imperfeito e pecador, não
poderei amá-la? Se Jesus morreu pela igreja é sinal de que ela é muito
importante e eu, como membro da igreja, devo me sentir privilegiado e feliz por
fazer parte disso. Uma imagem que me ajuda muito a não falar mal da igreja é a
linda cena do noivo e noiva de braços dados no corredor.
Que
coisa linda! Imaginar que Jesus Cristo é o noivo da igreja me traz um alívio
enorme ao coração. É Ele quem dignifica a igreja, a exalta e a reconhece como
valorosa. E, sendo um membro da igreja, só posso agradecer a Ele por me dar
essa honra que me faz perdoar meus irmãos e seguir firme, perdoando e
preservando a beleza da igreja.
Fonte:
Instituto Jetro
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