terça-feira, 17 de julho de 2018

O que faz um pastor?


“Além de ser pastor, você trabalha?”
É comum ouvir essa pergunta quando você se identifica como uma pessoa do clero.
A primeira coisa que todos devem ter em mente que ser pastor é uma vocação, e não uma profissão. Mas pelo fato de não ser profissão não significa que o vocacionado não trabalhe pelo contrario, o pastor trabalha e muito. O pastor é o guardador e guia do rebanho de Cristo, o sumo pastor, pela qual deverá prestar contas.
O pastor não é somente o pregador do culto de domingo a noite, desaparecendo da comunidade durante a semana e reaparecendo somente no próximo fim de semana para pregar novamente.
Durante a semana o pastor exerce muitas outras atividades. Ele faz aconselhamento ( o que seria o papel de um terapeuta); administra a igreja (papel de um administrador); visita enfermos no hospital (esse é o papel de um capelão hospitalar); celebra casamentos ( tarefa de um juiz de paz); organiza área de ensino e discipulado da igreja ( diretor pedagógico); evangeliza; realiza projetos sociais; ora; intercede; visita; ajuda na manutenção do templo; e muitas outras atividades que não lembro de listar agora.
Além de tudo isso, ele é pai e marido; não deve esquecer e trocar a sua família.
Resumindo, o que faz um pastor? Pastor é aquele que vê na criança, adolescente e jovem o obreiro de amanhã; Pastor é aquele que ouve o ancião com carinho e paciência pelos anos já vividos e experiência adquiridas; Pastor é aquele que procura enxugar as lágrimas de quem está sofrendo e fica feliz com a alegria, sucesso e conquista dos outros.
O que faz um pastor? Vive a palavra que prega, testemunha as dificuldades superadas, vai sendo moldado a cada dia no calor do ministério até o dia em que deverá apresentar o rebanho ao sumo pastor, o Senhor Jesus Cristo.
Pr. Adriano Papa


quinta-feira, 5 de julho de 2018

Frustração Pastoral



Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho (1948-2013)

Num retiro de pastores, um colega me indagou qual a minha frustração pastoral após quatro décadas como pastor. Respondi que era ter que preparar mamadeiras para crianças que nunca cresceram espiritualmente. A maior parte do tempo e das emoções de um pastor (e da igreja) é gasta cuidando de gente que não amadurece.

Um colega disse que em sua igreja ele precisa telefonar para todos os membros ou visitá-los durante a semana, senão eles não vão à igreja, por que “não foram tratados como merecem”. Em uma igreja, um crente se escondia atrás de uma coluna e no dia seguinte telefonava para saber se o pastor sentira sua falta. Igreja é hospital, recebe doentes, mas é lugar de cura. Há doentes que se recusam à cura. Querem afagos. O Espírito Santo não produz doença, e sim saúde. Mas as igrejas estão cheias de doentes emocionais. Um diácono, líder de visitação numa igreja, falou-me de um irmão que mudara de denominação porque na nova tratavam-no como se fosse a primeira vez que lá chegara. Este não entendeu o evangelho!

Há igrejas que falam muito de cura. Nesta semana ouvi pela tevê um pregador repreender (?) câncer, reumatismo, tumores e todas as doenças. E as doenças espirituais? Nunca vi alguém repreender a infantilidade, melindres e criancice emocional. Quando eu era criança, havia a figura do garoto que era “pereba”, como a gente dizia (ruim de bola), mas era o dono da bola. Até pênalti ele batia. E perdia! Se não, levava a bola para casa. Em criança, vá lá. Em adulto pega mal!

Parte do tempo para treinar pessoas para o serviço cristão se perde com bebês espirituais. Muito de nossas emoções se gasta afagando criancinhas em Cristo. Poderíamos investi-las na busca de pessoas para Cristo.

O alvo de Deus para nós é chegarmos “ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo; para que não sejamos mais inconstantes como crianças…” (Ef 4.13-14). Devemos ser crianças na malícia, mas adultos no entendimento (1Co 14.20). Crianças espirituais impedem a marcha da igreja de Jesus. São clientes e não soldados engajados na luta!

Graças a Deus que a igreja não se compõe só de deficientes espirituais. Há adultos espirituais, confiáveis, “pau pra toda a obra”. Em Monte Dourado, o irmão Sales, meu hospedeiro para os cursos de treinamento da COBAP, falava-me de alguns irmãos da igreja e dizia: ”São gente com que se pode contar a qualquer hora. Se a igreja precisar deles às 3 da manhã eles estarão lá”. Cá na Central também os há!

Frustram-me crianças espirituais que demandam cuidados para darem um mínimo de resposta à igreja. Mas realizo-me com tantos adultos, “pau pra toda a obra”. Deus tenha misericórdia das crianças. Que elas tenham juízo e cresçam. Deus seja louvado pelos maduros. Que eles nunca desanimem!

Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá